E se conseguisse (mesmo) apalpar objetos em realidade virtual?

Os óculos de realidade virtual transportam os utilizadores para mundos digitais, onde a imersão se limita aos sentidos da visão e audição. São adicionados periféricos que oferecem sensações

hápticas que ajudam a aumentar a experiência. É exatamente neste campo que os investigadores da Complexity Science Hub, um instituto independente com sede em Viena, na Áustria, se estão a

focar.

O novo periférico que está a ser criado para elevar as sensações hápticas chama-se Shiftly e ajuda os utilizadores a interagirem com diferentes objetos em realidade virtual. “Antes, um dos

principais desafios para este tipo de objetos hápticos é a sua capacidade de se aproximar a uma vasta variedade de geometrias e superfícies”, aponta o investigador Tobias Batik, citado pela

Spectrum.ieee.

O projeto Shiftly começou como uma tese de doutoramento, mas que está agora a ser expandido, tendo sido recentemente exposto para experimentação em Los Angeles por mais de 150 pessoas. Este

não é o único periférico para VR capaz de mudar de forma, mas estes tendem a ser complexos e dispendiosos de fabricar. No caso do Shiftly, a sua forma foi inspirada num origami de papel, uma

técnica de dobrar folhas em diferentes formas.

Este equipamento utiliza um sistema de três origamis curvados, orientados numa configuração em forma de prisma. Desta forma, o Shiftly pode assumir formas curvadas, direitas ou com formas

afiadas. A transição entre as formas demora entre 0,25 a 4 segundos. Ainda que não consiga transformar-se em formas complexas, este aparelho pode assumir formatos gerais, como bordas ou

ondas.

Nas experiências de teste realizadas, cada uma das três formas principais conseguem oferecer sete formatos diferentes. Os participantes foram vendados para sentir as formas mediante as

imagens que apareciam na experiência de realidade virtual. Os resultados mostram que os participantes conseguiram distinguir o feedback de cada elemento, mesmo as variações de cada

categoria.

Durante um segundo teste, foram pedidos que pontuassem a capacidade de reconhecimento de objetos através do tato. Em objetos em forma de onda foram atribuídos mais pontos, assim como uma

casa. Mas entre as que receberam menos pontos foi a forma de diamante e superfícies côncavas.

É possível aceder ao código-fonte do projeto, que inclui as apps de demonstração para VR, assim como os ficheiros CAD para a impressão 3D do componente físico do Shiftly no Github. Sobre

planos para comercialização do periférico, este ainda está a ser investigado, sendo apontado no uso de braços robóticos para criar novas formas dinâmicas de testes em ambientes de larga

escala.