O dia em que um ex-secretário dos eua foi expulso da unb a ovadas

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O ano é 2017. Pessoas mundo afora manifestam repúdio ao novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sob o argumento de que o mandatário representa um retrocesso mundial em valores como


tolerância e diversidade. Os próprios estadunidenses temem que a postura dele em relação a imigrantes — em especial, os do Oriente Médio — leve a uma nova escalada bélica. O ano é 2017, mas


poderia ser qualquer outro das décadas de 1990, 1980, 1970 ou 1960. > Em 18 de novembro de 1981, por exemplo, protestos contra o governo > dos Estados Unidos tiveram como palco a 


Universidade de Brasília > (UnB). O caso volta à tona agora, no momento em que o Arquivo > Público do DF (ArPDF) divulgou milhares de documentos sobre o > período de ditadura na 


capital federal que até então eram > mantidos sob sigilo. LEIA TAMBÉM Um evento, em especial, catalisou a revolta dos estudantes: a visita de Henry Kissinger, que havia sido o 


todo-poderoso secretário de Estado dos EUA nos governos Gerald Ford e Richard Nixon. A participação de Kissinger em um congresso no Auditório Dois Candangos da UnB teve manifestações com


direito a chuva de ovos e tomates. O ex-secretário precisou deixar o campus escoltado pela polícia e 26 universitários foram indiciados. Um grupo de alunos, capitaneado pelo Diretório


Central dos Estudantes (DCE), via a visita com maus olhos. Segundo eles, a participação do ex-secretário teria custado US$ 15 mil aos cofres da UnB. Quantia que poderia ter sido investida na


própria universidade. Além disso, os manifestantes eram contrários à suposta interferência norte-americana na política de países latinos. Bandeira em chamas Munidos de faixas, cartazes,


ovos, tomate e areia, os universitários seguiram para o auditório. Ao chegarem no local, porém, deram com as portas do Dois Candangos trancadas com cadeados. O grupo começou, então, a jogar


os alimentos nas paredes e nos portões. Outros manifestantes atearam fogo em uma bandeira dos Estados Unidos. > A situação assustou os presentes ao evento. Na saída, o reitor > José 


Carlos de Azevedo e o ex-secretário norte-americano tiveram > que ser escoltados pela Polícia Militar para chegarem aos > veículos e escaparem da ira dos estudantes, que gritavam: >


 “Ladrão, ladrão, ladrão, saiu de camburão”. Um dos ovos > jogados atingiu o então ministro-chefe do Gabinete Civil da > Presidência da República, João Leitão de Abreu. Em um momento


em que boa parte do país aspirava a volta das eleições diretas para a escolha dos representantes políticos e a a sociedade padecia dos efeitos da forte repressão dos últimos anos, Kissinger


representava a antítese do que grupos de esquerda aspiravam. Em um ambiente universitário, então, foi a fagulha para incendiar os ânimos. Operação Condor Kissinger era conhecido por posições


polêmicas, como o sinal verde dado à invasão do Timor Leste pela Indonésia, em 1975; e aos golpes de Estado no Chile, no Uruguai e no Camboja. Na época de secretário de Estado, endossou a


Operação Condor — uma aliança político-militar entre vários regimes ditatoriais da América do Sul, incluindo o Brasil — criada com o objetivo de coordenar a repressão a opositores. > “O 


debate foi fechado por ordem do reitor Azevedo. Proibiram até > que nós, estudantes, entrássemos para ouvir a palestra. Em > protesto, os alunos furaram os pneus dos carros das 


embaixadas, > jogaram ovos. Foi um tumulto imenso. Os participantes tiveram que > sair com ajuda da polícia”, relembra a professora Tânia Montoro, > da Faculdade de Comunicação, que


 era aluna de Ciências Sociais > quando presenciou a desastrosa visita do ex-secretário > norte-americano. O depoimento de Tânia, que ficou encarregada de > apagar as luzes do 


auditório, foi dado à Agência de Notícias da > UnB. Fechar modal. 1 de 3 Documentos da Secretaria de Segurança narram o ocorrido Reprodução 2 de 3 Documentos da Secretaria de Segurança


narram o ocorrido Reprodução 3 de 3 Documentos da Secretaria de Segurança narram o ocorrido Reprodução INDICIAMENTO Em um primeiro momento, os manifestantes seguiram em liberdade. Porém,


policiais presentes ao evento identificaram os participantes do ato e repassaram para a Corregedoria da Polícia Civil do DF, responsável pelas investigações, meses depois. Assim, 26 alunos


foram intimados a depor na delegacia e acabaram indiciados criminalmente pela polícia, conforme mostra a lista abaixo: Negação Entre os envolvidos, estavam o então presidente do DCE, Zeke


Beze Junior, e o vice-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Themis de Oliveira. Os dois assumiram à polícia que realizaram uma assembleia no dia do incidente. Entretanto, assim


como os outros 24 citados, negaram ter jogado ovos ou tomate durante a manifestação. > Mesmo assim, o delegado à frente do caso, Francisco Feitosa Dias, > concluiu o inquérito 


sugerindo que os investigados fossem > processados pelo crime de “exercer violência, por motivo de > facciosismo ou inconformismo politico-social contra estrangeiro que > se 


encontre no Brasil, a serviço de seu país, em missão de estudo > ou a convite do governo brasileiro”. O relatório da Secretaria de Segurança, produzido em abril de 1982, termina com o


pedido de habeas corpus para os estudantes, impetrado pela advogada Herilda Baduino de Sousa. Segunda ela, não haveria motivo para a prisão dos indiciados, uma vez que os estudantes haviam


informado dados como endereço e identidade, além de comprovarem matrícula na universidade.


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