Com dois tempos distintos, united vira o jogo e freia possibilidade de título antecipado do city

O Manchester United jogou um balde de água fria nas pretensões do City comemorar a conquista antecipada do título inglês jogando diante de sua torcida. Depois de um primeiro tempo em que foi

amplamente dominado pelos rivais, os Red Devils se aproveitaram da fragilidade defensiva dos Citizens para fazer uma segunda etapa fulminante. A mudança de comportamento veio com grande

participação de Paul Pogba, autor de dois gols. Virada, por 3 a 2, em um jogaço no clássico mancuniano. Pep Guardiola fez mudanças para o clássico em relação à derrota acachapante para o

Liverpool pela Liga dos Campeões. Kyle Walker ficou no banco, e foi Danilo quem ganhou a vaga na lateral-direita. Do lado esquerdo, Delph apareceu entre os titulares. Fernandinho, Ilkay

Gündogan e David Silva formavam a trinca no meio-campo, enquanto Bernardo Silva e Leroy Sané atuavam pelos flancos do ataque, e Raheem Sterling atuava como “falso 9”. Do lado vermelho,

Mourinho mantinha a base do seu escrete: De Gea, Young, Bailly, Smalling e Valência na defesa; Pogba, Matic e Ander Herrera pelo meio, com Sánchez, Lingard e Lukaku compondo o trio de

ataque. O jogo mal havia começado e, aos 4 minutos, já havia muita discussão. Isto porque David Silva cruzou rasteiro para a área do United, e Ashley Young, ao se jogar para tentar

interceptar a bola, deslizou pelo gramado e bateu com a mão na bola, impedindo a chegada de Sterling, que vinha em ótimas condições de finalizar. Pênalti claro ignorado pelo juiz, para a

revolta do lado azul do Etihad Stadium. Aos 20, Eric Bailly tentou uma saída arriscada e entregou na fogueira para Paul Pogba. O francês foi pressionado e batido por Sterling, que avançou

pelo meio de campo antes de acionar David Silva pelo meio. O espanhol ajeitou o corpo e mandou de esquerda por cima do gol de David De Gea. Um minuto mais tarde, Bernardo Silva iniciou a

jogada pela direita e cortou para o meio, encontrando Sterling, que conseguiu a tabela. O português só conseguiu um toque de leve, dando tempo de reação a De Gea, que saiu do gol para fechar

o ângulo. Depois de alguns minutos, era Sterling quem aparecia pelo comando de ataque. E a pressão ia surtindo efeito, colocando o time de Mourinho para trás. Parecia questão de tempo que o

time da casa conseguisse seu gol. Até que veio a oportunidade com bola parada e o placar foi aberto. Aos 24, David Silva teve escanteio pela esquerda e mandou para o meio da área. Mesmo sob

os puxões incessantes de Smalling, Vincent Kompany foi soberano, subiu e mandou uma pedrada de cabeça, indefensável para De Gea. O tento também poderia ter algo de simbólico: foi o primeiro

do belga na temporada da Premier League. Seria a oportunidade de repetir a decisão em um momento determinante, como havia sido em 2012, antes da épica vitória diante do Queens Park Rangers,

com a apoteose de Aguero? A vontade do Manchester City não cessou, enquanto o United parecia atordoado na defesa. Aproveitando a fragilidade defensiva dos rivais, os Citizens aumentaram a

contagem aos 30. Em um erro de reposição de De Gea, Sterling foi acionado pela esquerda e conseguiu encontrar espaço entre dois marcadores, rolando a bola para Gündogan. O alemão girou o

corpo para superar Nemanja Matic com classe e, antes que a defesa chegasse, mandou de bico para o fundo das redes. A superioridade do time de Guardiola era tanta que duas chances claríssimas

criadas por David Silva e desperdiçadas por Sterling. Ambas isoladas quando o inglês tinha a bola à disposição quase na mesma posição, aos 32 e aos 35. Outras chances foram perdidas por

Sterling, em cruzamento de Sané, e por Gündogan, que não conseguiu mandar para o gol de cabeça, após passe de Fernandinho. Nos primeiros 45 minutos, o time de Mourinho não arrematou uma vez

sequer. Na etapa final, entretanto, o quadro mudou. Enquanto o Manchester City se comportava de maneira quase apática, era o United que tinha acordado para o jogo. Veio primeiro com Pogba,

que arriscou o chute colocado de fora da área para boa defesa de Ederson. Aos cinco, a resposta dos donos da casa: Sterling recebeu dentro da área e entregou na medida para Gündogan, O meia

bateu colocado de primeira, mas viu a bola raspar a trave e se perder. O City desperdiçava a chance de matar o jogo e dava brechas às ambições rivais de adiar o título. E a reação começou

aos 7. Em trama pela direita, Sánchez fez o que quis do lado direito e se livrou dos marcadores antes de invadir a área. O chileno deu o passe para o meio e encontrou o peito de Matic que,

com muita categoria, deu a assistência de peito. Quem veio de trás, se infiltrando, foi Paul Pogba, que concluiu de chapa, vencendo Ederson. Um belo gol dos Red Devils, usando a construção

coletiva da jogada, algo que comumente seria observado nos rivais mancunianos. Dois minutos mais tarde, foi justamente do camisa 6 do United o gol de empate. Pogba invadiu o campo de ataque

com liberdade e abriu o jogo para Sánchez. Também com bastante espaço, o chileno avançou e esperou o avanço do meia francês para fazer a assistência: cruzou na cabeça de Pogba, que subiu

mais que Otamendi e mandou para as redes. A injeção de ânimo do Manchester United denotava, inclusive, o desequilíbrio defensivo dos Citizens. Seguia criando e perdendo chances, com Gündogan

e David Silva, mas não conseguia o gol. Exatamente o oposto dos Red Devils, que viraram o jogo aos 23. Sánchez cobrou falta pela esquerda e mandou para a área. Smalling apareceu

completamente livre pelo meio da área para mandar de chapa e marcar o terceiro. A pane era evidente: se contra o Liverpool, o time de Guardiola sofreu 3 gols em meia hora, pela Premier

League o prejuízo veio mais rápido: De Gea vazado três vezes em 25 minutos. Com a desvantagem, o City teve suas mudanças, pelo menos na tática. Em poucos minutos, vieram Kevin De Bruyne,

Gabriel Jesus e Sergio Aguero, nas vagas de David Silva, Bernardo Silva e Gündogan. O jogo esquentou, não com lances, mas com faltas duras e confusão, principalmente a partir de uma entrada

pesada de Pogba em Otamendi, e do pedido de pênalti em cima de Aguero. Na sequência, o United promoveu as entradas de Marcus Rashford e McThominay nos lugares de Sánchez e Lingard para

tentar prender a bola, mas o City foi para o abafa. Aos 43, De Gea operou um milagre para segurar o resultado: Sané conseguiu o cruzamento e encontrou Aguero quase na pequena área. O

argentino cabeceou e o goleiro espanhol mandou de mão trocada para fora. No escanteio logo em seguida, Otamendi tentou a finalização e Sterling desviou muito perto da meta. A bola

caprichosamente passou por De Gea e bateu no pé da trave antes de a defesa aliviar. A virada espetacular impede a conquista antecipada do quinto título inglês do Manchester City, que poderia

se tornar o campeão mais precoce da história da Premier League. Com o triunfo, o United quebra, também, uma sequência de 27 jogos de invencibilidade dos rivais — 22 vitórias e cinco

empates, e vê a distância para a liderança cair de 16 para 13 pontos. A derrota acende um alerta para o Manchester City. Deixa o campeonato em aberto, faltando ainda algumas rodadas para o

fim. De fôlego renovado, o oscilante United divide suas atenções com a semifinal da Copa da Inglaterra, com o Tottenham pela frente, pelas semifinais. Além de fazer dois tempos completamente

distintos, os azuis de Manchester perdem a segunda no campeonato, e devem fazer Guardiola avaliar o que leva à pane defensiva demonstrada pela fragilidade, as chances desperdiçadas e os

gols tomados em tão pouco tempo. Sobretudo por ter pela frente um duelo decisivo diante do Liverpool, jogando em casa, desta vez pela Liga dos Campeões.