Patrícia sequeira. 'eu não escolhi o elenco, já o tinha. Depois foi preciso criar o filme'
Patrícia sequeira. 'eu não escolhi o elenco, já o tinha. Depois foi preciso criar o filme'"
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A dor une e afasta. Revela-nos. Torna-nos transparentes. Cinco amigas dos tempos da adolescência, a quem a vida afastou sem que elas dessem conta disso, unem-se em torno da morte de uma
delas, a sexta. Querem homenagear a que parte, fazendo-lhe a vontade: uma noite, juntas, numa herdade em Alcácer. Quanto de nós podemos revelar entre as 6 da tarde e as 6 da manhã? Quanto de
nós andámos a esconder, por vezes até de nós próprios? Será que, ao domesticarmos uma perda, nos podemos libertar? Ana Nave, Fátima Belo, Maria João Luís, Ana Padrão e Rita Blanco compõem o
elenco deste “Jogo de Damas”, que chega amanhã às salas nacionais. O nó que une estas cinco mulheres chama-se Patrícia Sequeira, realizadora com um vasto currículo na televisão – entre
outras, dirigiu as novelas “Laços de Sangue” (vencedora de um Emmy), “Sol de Inverno” e “Mar Salgado”, e as séries “Conta-me Como Foi”, “Depois do Adeus”, “Cidade Despida” e “Terapia” – que
assina aqui a sua primeira obra no cinema. Recebe-nos com uma peça de fruta na mão. “Estou a almoçar, não se importa?”. Não nos importamos. A vida de Patrícia Sequeira é feita a correr. Ao
papel de realizadora ainda junta a direção geral artística da SP Televisão. “Se tivesse uma câmara de reportagem atrás de mim acho que se perdiam”, diz. ESTE FILME ERA UM PROJETO QUE ANDAVA
ADIADO PELO RITMO LOUCO QUE O TRABALHO EM TELEVISÃO EXIGE? Era, sobretudo, um desejo de há muito tempo. E há um dia em disse: “Estás com 40 anos, se calhar era bom começares a fazer alguma
coisa por esse desejo”. Já tinha sido convidada, já me tinham aparecido guiões, mas sou muito exigente e seria muito complicado agarrar num guião com o qual não estivesse envolvida na
criação. Queria fazer um filme, mas um filme que também fosse especial no seu processo de criação. E por isso propus-me a fazer uma coisa que tem a ver com liberdade artística e liberdade de
criação e convidei cinco atrizes para representarem mas também para serem coautoras. Obviamente que eu sabia quais os caminhos por onde queria que o filme passasse. A ESCOLHA DO ELENCO NÃO
FOI, PORTANTO, APENAS A ESCOLHA DE CINCO ATRIZES? Acho que eu não escolhi o elenco, já o tinha. Depois foi preciso criar o filme. TER UM ELENCO DESTES, NUMA PRIMEIRA OBRA, É REFLEXO DOS ANOS
DE TRABALHO EM TELEVISÃO? Sim. Conheço-as a todas da televisão, umas há muitos anos, outras há menos. Mas tenho com todas uma relação muito especial, diferente com cada uma delas, mas a
todas reconheço uma capacidade de criar que vai para além do talento de executar. São pessoas que discutem as personagens, que dão contributos maiores. E eu gosto especialmente de atrizes
que já estão nestas idades, que não têm de provar nada. Para mim era muito interessante explorar o universo feminino nestas idades. CURIOSAMENTE SÃO AS IDADES EM QUE AS ATRIZES SE QUEIXAM DE
QUE COMEÇAM A ESCASSEAR PAPÉIS. Em Portugal, o mercado é pequeno e às vezes ingrato para os grandes talentos que temos… Tenho tido a sorte de fazer projetos, como o “Sol de Inverno”, com
duas protagonistas como a Maria João Luís e a Rita Blanco. Quando se diz que era melhor que os protagonistas tivessem, no máximo, 30 anos, acho que o que se ganha em beleza, se pode perder
em talento e verdade. A maturidade, muitas vezes, passa melhor a mensagem. Mas também há jovens de 20 anos com muito talento. Não há é o caminho de vida e de trabalho que há nestas mulheres
e que resolve muitas coisas. Estas cinco mulheres são atrizes pelas quais tenho uma grande admiração e achei que o filme era um bom pretexto para estarmos juntas a criar. COMO FOI O PROCESSO
DE CRIAÇÃO? Este processo começou há dois anos. Inicialmente pedi-lhes que trouxessem cada uma a sua personagem. Depois, durante um ano, fizemos vários encontros. E arranjámos sempre
disponibilidade para os nossos encontros, o que acho extraordinário. O meu maior mérito foi conseguir juntar estas cinco pessoas. E elas não falharam a nenhum encontro. Ao longo desse ano,
houve jantares em que nada aconteceu, era só discussão. Mas depois até isso acabou por ser muito rico, porque daí tirámos o ambiente certo. Fizemos muitos jantares, almoços, convívios. Mas
sempre com os papeis de trabalho à frente. Não eram encontros de amigas, mas encontros entre as atrizes e a realizadora. Estes encontros constantes levaram-nos a moldar a obra. Quando já
tínhamos a base fomos fazer um retiro de cinco dias, na casa do filme, em Alcácer. Não era suposto ser aquela a casa, mas ficou porque o que aconteceu ali foi muito rico. COMO FORAM ESSES
DIAS? Fomos com o objetivo de recolher memórias. E eu fui tirando notas. Houve muitas discussões. Houve, inclusive, uma sessão em que cada uma das atrizes levou as suas memórias pessoais e
as discutiram. Foram coisas de uma intimidade tal, de uma entrega tão grande, que quase me senti a mais. Tudo isto foi muito útil para conseguirmos o que conseguimos. A determinada altura já
não havia uma condutora, já não era eu que dizia para fazermos isto ou aquilo, as coisas iam acontecendo. A Ana Padrão, por exemplo, foi, com o dia a nascer, fazer a caminhada que depois se
vê no filme. Quanto ela me contou que tinha ido fazer aquilo pensei por que teria ido sozinha. E depois isso repete-se no filme. Fui usando partes da realidade no filme. Aliás, existe ali
muita realidade de cada uma delas, muita verdade, e por vezes nem eu consigo perceber o que é que elas trouxeram que é real e o que não é. Mas eu não queria só as atrizes, queria as
mulheres. QUANTO TEMPO DUROU A RODAGEM? Dez dias. Mas costumo dizer que não sei se este filme foi feito em dez dias ou em 40 anos. Porque é o meu primeiro filme. Tudo o que fiz e tudo o que
trago do meu caminho está aqui. As coisas não se limitam ao tempo da rodagem. Mas em termos efetivos, a rodagem foram dez dias. Acho que isso teve muito a ver com a experiência e a
objetividade de tenho da televisão. Não faço muito para usar pouco. A televisão ajudou-me a saber o que quero. E uma equipa de filmagem é cara e este é um filme independente, tinha de ser
objetiva e pragmática. SENTIU O MEDO DE, DEPOIS DE QUASE VINTE ANOS A REALIZAR TELEVISÃO, SE AVENTURAR NO CINEMA? Confesso que deveria ter sentido, mas talvez pela minha idade não tive. Acho
que estive sempre muito exposta por séries e telenovelas que fiz e que felizmente correram muito bem. E, no fundo, é sempre isso que quero, que corra bem. Seja quando faço o “Depois do
Adeus”, que mexe com uma ferida grande dos portugueses, ou quando faço agora o meu primeiro filme, sinto sempre a responsabilidade. A diferença é que numa série ou numa telenovela, é uma
coisa mais de equipa. Aqui é o meu filme. E eu gosto dele. E gostava de fazer mais. Não queria ficar por aqui. MAS ESTÁ CONSCIENTE DO PRECONCEITO QUE DITA QUE CINEMA E TELENOVELA NÃO PODEM
PARTILHAR REALIZADORES? Se olharmos para o que se passa no resto do mundo, esse preconceito é um grande disparate. Hoje em dia há séries com uma qualidade muito superior a alguns filmes.
Depois temos realizadores consagrados que vêm da televisão. O Raúl Ruiz fazia novelas! E esse preconceito raramente vem do público. Mas aí a minha resposta é: eu estou a fazer a “Terapia”,
uma série altamente elogiada pela intelligentzia. A “Terapia” é cinema em televisão. E curiosamente filmei a série e o filme com as mesmas câmaras. Esse preconceito vem de uma série de
ideias antigas e de gente que não olha para o lado. Na antestreia tive o cinema e a televisão todos misturados e acho isso fantástico. O caminho é a união. É evidente que é diferente, não
realizo telenovela da mesma forma que realizo cinema porque o formato é diferente e o tempo é diferente. Mas eu conto histórias, independentemente do formato. O FACTO DE VIR DA TELEVISÃO FEZ
COM QUE TIVESSE UMA PREOCUPAÇÃO ACRESCIDA EM FAZER UM FILME QUE NÃO TIVESSE MARCAS TELEVISIVAS? É UM FILME QUE RESPIRA, COM MUITOS SILÊNCIOS. Não. Mas sim, até há um momento inicial em que
respira muito, há um grande silêncio. E há uma cena em que, após um longo silêncio, se diz: “Há pessoas que têm problemas com o silêncio”. É um filme com silêncios, mas é um filme de atores.
Não mostro o cortinado a abanar. NUMA PRIMEIRA PARTE, O FILME É MARCADO POR UMA SÉRIE DE CLICHÉS LIGADOS À MORTE… Antes de mais, eu adoro clichés! MAS DEPOIS, NUMA SEGUNDA FASE, ESSES
CLICHÉS GANHAM OUTRO PESO. Quando comecei a fazer a estrutura dividi o filme em três atos. Depois passei para a Filipa Leal, que foi a escritora que convidei para dar corpo e dimensão ao que
já tinha sido criado, e ela manteve essa ideia de três atos. Quase parecia uma peça de teatro. É um filme tripartido que culmina com um último ato em que elas percebem que aquela amizade,
afinal, estava cheia de nós. Só que os nós, ao pé da morte, não valem nada. Mas eu só usei a morte para poder falar da vida. Não é um filme triste sobre a morte. É um filme sobre a amizade.
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