Há três anos, lula saía da cadeia com o fim da prisão em 2ª instância

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Há três anos, Lula foi solto. Isso ocorreu em 8 de novembro de 2019, um dia depois de o Supremo Tribunal Federal derrubar a prisão após a condenação em segunda instância, por uma apertada


maioria de seis votos a cinco. Essa decisão afeta a vida em sociedade mais do que você possa imaginar. Além de Lula, José Dirceu, Vaccari, Delúbio e outros réus da Lava Jato condenados por


saquearem bilhões, cerca de cinco mil presos estavam em condições de se beneficiar com a decisão, segundo informou na época o Conselho Nacional de Justiça. Essas pessoas não foram soltas


porque eram inocentes, faltaram provas ou ocorreu alguma injustiça no julgamento. Elas foram soltas porque o Supremo entendeu que condenados só podem ser presos após o julgamento do último


recurso na última instância. Um exemplo tornará mais claro o que isso significa. Imagine que sua família entre em conflito com um vizinho e ele mate alguém da sua família. Mesmo se for


condenado por um juiz, ele não irá preso. Ele poderá oferecer vários recursos até ser julgado, anos depois, por um tribunal. Mesmo assim, ele ainda não irá preso ainda, podendo oferecer


vários recursos até ser julgado, em Brasília, por um novo tribunal, anos mais tarde. Novamente, não irá preso, mas poderá oferecer novos recursos até que, muitos anos depois, um quarto


tribunal o julgue. > Há três anos, Lula foi solto. Isso ocorreu em 8 de novembro de > 2019, um dia depois de o Supremo Tribunal Federal derrubar a prisão > após a condenação em 


segunda instância, por uma apertada maioria > de seis votos a cinco Após vários recursos nessa quarta instância, o processo se encerrará, mas provavelmente o condenado não será preso


novamente. Isso porque o processo terá prescrito. Como o caso demorou muito tempo na Justiça, o criminoso não sofrerá nenhuma consequência. Em bom português, ele se safa. Foi assim com Omar


Coelho Vítor, fazendeiro que alvejou Dirceu Moreira Brandão Filho numa feira agropecuária, por ter cantado sua mulher. Mesmo sendo atingido na boca e em região próxima à coluna, Dirceu


sobreviveu por sorte. Omar foi condenado a seis meses de prisão.  O processo se arrastou por 21 anos na Justiça e, em 2012, o crime prescreveu. Foi assim com Luiz Rufino, que matou Eusébio


Oliveira após uma discussão porque este estacionou na frente de sua banca de jornais. O processo demorou vinte e cinco anos e, em 2016, ainda não tinha se encerrado. Nessa época, Rufino


tinha 87 anos e várias autoridades do caso já haviam morrido. Ao fim, o crime também prescreveu. O processo brasileiro tem recursos sem fim. O ex-senador Luiz Estevão, condenado por desvios


superiores a 3 bilhões de reais, recorreu 36 vezes, sem contar os habeas corpus – uma média de 9 recursos por instância. Duas décadas após os crimes, seu caso ainda não havia acabado e ele


estava solto. Só foi preso quando o STF permitiu a prisão em segunda instância, em 2016. O direito à ampla defesa se tornou o direito à impunidade. A Justiça Penal se tornou injustiça


institucionalizada. E a garantia da impunidade faz o crime compensar. A turma pega pela Lava Jato roubou bilhões, sairá impune e aprenderá que vale a pena roubar. José Dirceu aprendeu isso.


Condenado como artífice do Mensalão, teve sua pena perdoada dois anos após começar a cumpri-la em 2014. Na Lava Jato, teve sua condenação a 27 anos de prisão mantida na terceira instância do


Judiciário no início deste ano. Contudo, segue solto. > O direito à ampla defesa se tornou o direito à impunidade. A > Justiça Penal se tornou injustiça institucionalizada. E a 


garantia > da impunidade faz o crime compensar Se a turma do Mensalão e Petrolão voltar ao governo do PT, o que impede que nos roubem de novo? Não há consequências legais para o


comportamento criminoso. Punir é necessário não por ódio ou vingança, mas por amor. A vítima e a sociedade estão desprotegidas. O Estado deixou de cumprir o seu papel mais essencial, de


garantir justiça. Isso enfraquece o império da lei e o estado de direito, que estão na base da prosperidade das nações, como sustentam Acemoglu e Robinson no seu célebre Por que as Nações


Fracassam. “Venham, roubem e vão embora. O caminho está livre. Saqueiem nosso país à vontade”. Essa é a mensagem na porta da nossa casa, o Brasil. Ou, para usar a frase dita no jantar de


lançamento da candidatura do Lula: “se o crime já aconteceu, de que adianta punir?” Entre 2016 e 2019, enquanto a prisão após condenação em segunda instância esteve em vigor, o medo real da


punição conduziu delinquentes à confissão em cascata, à devolução de 25 bilhões de reais e à delação de centenas de criminosos que passaram a ser investigados. Brasília tremeu. “Vai todo


mundo delatar”, afirmou um assustado Romero Jucá, então conhecido como “Resolvedor da República no Congresso”, para Sérgio Machado, que entregou a gravação em seu acordo de colaboração


premiada. Para Jucá, era preciso “estancar essa sangria”. Falaram em um “grande acordo nacional”. O acordo nacional era previsível. O mundo todo sabe: “corruption strikes back”, “a corrupção


contra-ataca”. O fim da prisão em segunda instância foi o início da morte da Lava Jato. Sem receio de prisão, não havia mais delação. Sem delação, as investigações não mais se


multiplicavam. Se queremos ressuscitar o combate à corrupção, precisamos começar pela prisão em segunda instância, o que precisa ser uma das maiores prioridades do novo Congresso Nacional. O


papel da sociedade, cobrando seus representantes, é fundamental. Precisamos mostrar que a integridade e a honestidade também contra-atacam. VEJA TAMBÉM: * Os protestos e a intervenção


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