Desemprego e economia patinando: por quanto tempo o país ainda sentirá a crise
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O Brasil pode oficialmente ter saído da última recessão no fim de 2016, mas os efeitos de uma das maiores crises da história ainda permanecem na economia. A recuperação está mais lenta do
que o esperado e, se for mantido o ritmo médio de crescimento de 0,5% por trimestre, o país levará mais quase três anos para retornar ao nível pré-crise, segundos cálculos do Comitê de
Datação dos Ciclos Econômicos (Codade), vinculado à Fundação Getúlio Vargas (FGV). Ao que tudo indica, será a retomada mais lenta já registrada pelo país. A economia brasileira, medida pelo
Produto Interno Bruto (PIB), cresceu apenas 2,7% desde quando o país saiu da recessão – uma média de 0,5% a cada trimestre. Com isso, o país ainda precisa crescer mais 5,5% para voltar ao
patamar pré-crise, ou seja, mais 11 trimestres nas estimativas do Codace, considerando que a média de crescimento registrada de 2017 até março deste ano será mantida. O comitê, especializado
em datar ciclos econômicos, considera que o Brasil entrou em recessão a partir do 2.º trimestre de 2014 e que o período se estendeu até dezembro de 2016. Se confirmada a expectativa de que
o PIB só retorne ao nível pré-crise a partir de 2021, vai ser a primeira vez que o Brasil vai ter demorado tanto para superar os efeitos de uma recessão econômica. Na recessão dos anos 1980,
que durou do 1.º trimestre de 1981 a março de 1983, a economia demorou sete trimestre para voltar ao normal. Na recessão da década de 1990 (3.º trimestre de 1989 ao 1.º trimestre de 1992),
que também durou 11 trimestres, a recuperação se deu em seis trimestres. Os dados são do Codace. “Estamos há cinco trimestres [do fim da recessão que começou em 2014] e ainda estamos longe
de ver o PIB retornar ao nível pré-crise”, afirma Luana Miranda, pesquisadora da área de Economia Aplicada do FGV IBRE. LEIA MAIS: 1.º semestre perdido e incerteza eleitoral trazem de volta
a sombra da recessão CAUSAS DA RECUPERAÇÃO LENTA: TAMANHO DO TOMBO , INFLAÇÃO E DÉFICIT NAS CONTAS Uma das explicações para a lenta recuperação e a consequente permanência dos efeitos da
crise na economia está no tamanho do tombo. O Codace calcula que o PIB teve uma perda acumulada de 8,2% durante a recessão de 2014, uma das maiores quedas já registradas. “Nós tivemos foi um
colapso. A economia nunca tinha subido tão rápido antes e, quando caiu, foi um tombo muito forte. O investimento não desacelerou; ele parou. Isso teve um efeito sobre toda a cadeia
produtiva do setor industrial, que foi zerando. Aí veio o desemprego e a queda na renda. E como você tinha um setor de serviço que dependia da renda das pessoas para se manter aquecido,
despencou tudo”, explica o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco Lima Gonçalves. FIQUE POR DENTRO: Como não deixar os avanços sociais evaporarem por causa da crise econômica O
economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale, acrescenta outro fator para a retomada lenta: a falta de dois instrumentos clássicos para estimular o crescimento em uma saída de recessão,
que são as políticas fiscal e monetária. “Quando a Dilma saiu, a economia estava há dois anos em recessão profunda. Então, mais do que nunca, você precisava da política fiscal e monetária
para estimular o crescimento. Só que a taxa de inflação estava extremamente elevada naquele momento, em 12%, e a gente estava com déficit primário bastante elevado, tanto que logo na
sequência tivemos que fazer a regra do teto [de gastos].” Os economistas lembram que, nas crises passadas, as saídas foram mais rápidas porque o país se beneficiou do “boom das commodities”,
que aumentou as exportações. O comércio mundial também estava favorável. Durante a crise global de 2008, o Brasil tinha uma economia interna forte com possibilidades de uso de políticas
fiscais e monetárias para estímulo ao consumo. Nada disso se repetiu de 2016 para cá. Pelo contrário, piorou. Além do tombo forte e da falta de instrumentos para sair da recessão, o país
vivenciou dois grandes choques que jogaram para baixo a confiança das famílias e dos empresários, comprometendo ainda mais os investimentos e o consumo. O primeiro choque foi a divulgação
das gravações do empresário Joesley Batista, do grupo J&F, que comprometiam o presidente Michel Temer – o que acabou enfraquecendo ainda mais o governo dele. Depois, a greve dos
caminhoneiros em maio deste ano, que paralisou o país. SAIBA MAIS: Governo atrasa pagamento do subsídio do desconto no combustível CONSEQUÊNCIA NEFASTA DA PERMANÊNCIA DOS EFEITOS DA CRISE:
DESEMPREGO Com a crise demorando a passar, permanecem vários efeitos da recessão, em maior ou menor grau: queda da confiança das famílias e dos empresários, redução dos investimentos e do
consumo e retração da atividade industrial e de outros setores da economia. O Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) diz que, para a indústria de transformação, mesmo
com o fim da recessão, os efeitos permaneceram e o setor terminou 2017 com indicadores de lucratividade, de endividamento e de cobertura de despesas financeiras abaixo dos recomendáveis para
que as empresas virem a página da recente crise e voltem a investir. Mas, entre todos os efeitos, a consequência mais sentida pela população continua sendo o alto índice de desemprego.
Atualmente, há 13,7 milhões de pessoas desempregadas, segundo dados do primeiro trimestre da Pnad Contínua do IBGE. No período pré-crise, por exemplo, o número de desocupados era quase a
metade (sete milhões no primeiro trimestre de 2014). Desde 2016, o país mantém uma taxa de desemprego na casa dos dois dígitos. LEIA TAMBÉM: Bilhões de reais vão entrar na economia, mas
efeito pode não ser o esperado Tradicionalmente, o mercado de trabalho é um dos últimos a se recuperar da crise. Mas, com a demora em o país superar a última recessão, a recuperação do
emprego com carteira assinada também está se dando em ritmo mais lento do que o normal. Sérgio Vale acredita que a recuperação do emprego ficará para depois de 2022. Já o economista Marcelo
Gazzano, da consultoria ACPastore, estimou, em entrevista à _Folha de S.Paulo_, um cenário ainda pior. Gazzano calcula que o mercado de trabalho deve demorar dez anos para recompor a perda
de três milhões de postos formais durante a crise. CRISE FISCAL E ELEIÇÕES PODEM PIORAR CENÁRIO ADVERSO Apesar de existir uma expectativa de retomada – ainda que muito mais lenta do que o
ideal, a economista Silvia Matos, do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV, alerta que não há nem mesmo garantias de que o ritmo médio de crescimento atual seja mantido nos próximos
trimestres. Se o ritmo vier a cair, atrasaria ainda mais a recuperação econômica e faria com que os efeitos da crise perdurassem por mais tempo. As preocupações da economista giram em torno
de dois fatores: crise fiscal e eleições. Ela explica que o ajuste nas despesas está sendo feito na forma de cortes de investimentos, subsídios e despesas com a máquina pública, excluindo
gastos com folha. Esse espaço para cortes de gastos, porém, é muito restrito e já chegou ao limite, na visão da economista. Outro ponto que preocupa é a possibilidade de eleição de um
presidente não comprometido com as reformas e o ajuste fiscal. “Não está claro se será eleito um candidato que manterá uma agenda de reformas necessárias para restaurar a solvência fiscal. O
risco de não perseverar por esse caminho pode ser muito custoso em termos de crescimento e inflação”, escreve Silvia na edição de junho do Boletim Macro. O economista Sérgio Vale resume os
efeitos da crise que parecem não ter fim: “É um período longo de crise que foi criado no país e que a gente ainda vai pagar o preço ao longo dos próximos anos.”
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