Vidas perdidas

Cada vez que fico sabendo de outro acidente com vítimas fatais me pergunto quantas pessoas mais terão de morrer para que alguma providência seja tomada. E as mortes não são somente das

pessoas que se envolvem, diretamente, nos acidentes. A tristeza e as consequências envolvem famílias inteiras, amigos, colegas de trabalho, enfim, destroem e ferem muitas pessoas, mesmo que

indiretamente. A última notícia de destaque que vi com relação a mortes nas estradas foi um acidente envolvendo nove veículos, que ocorreu na BR-376, em Guaratuba, cidade do Paraná. Na

ocasião, uma carreta perdeu os freios na descida da Serra do Mar. Cinco pessoas morreram no local. Segundo a Autopista Litoral Sul, concessionária que administra o trecho, a carreta atingiu

oito veículos: cinco automóveis, dois caminhões e outra carreta. Após o impacto, alguns veículos pegaram fogo. Além das mortes, outras cinco pessoas ficaram feridas em estado grave. Durante

o feriado do Dia do Trabalho foram registrados, nas rodovias paranaenses, 129 acidentes. Das pessoas envolvidas, 90 ficaram feridas e nove morreram. Além disso, durante os quatro dias do

feriado prolongado, o Batalhão de Polícia Rodoviária (BPRv) efetuou 1.727 autuações e registrou 2.093 imagens de radar por excesso de velocidade. Já os testes do bafômetro foram 1.181, com

11 flagrantes e recolhimento de 12 carteiras de habilitação. E aí me pergunto qual é a razão de tudo isso. Deve haver um motivo, uma causa. Mas, com tudo o que já presenciei e tive notícia

durante a vida, com relação a acidentes de trânsito, eu penso que seja um conjunto de motivos. Vou citar aqui, primeiramente, a imprudência de diversos motoristas que trafegam pelas

rodovias, não só paranaenses, mas nacionais. Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), a colisão frontal em rodovias é o acidente que mais faz vítimas fatais, representando 44% das mortes

em estradas federais. E as razões dessas colisões são as mais diversas: ultrapassagens em lugares proibidos e/ou com imprudência, quando o motorista não tem visibilidade, embriaguez no

trânsito, excesso de velocidade, dentre muitos outros. Outro motivo evidente dos acidentes é a falta de manutenção e conservação adequada das estradas. Basta viajar de carro dentro do estado

para perceber que as rodovias, em sua maioria, são mal conservadas. É quase uma rotina ver notícias de acidentes com um caminhão que tentou desviar de um buraco e colidiu com outro na pista

contrária, outro que capotou ao passar num buraco em uma curva, carros que estragam a suspensão, e outras situações parecidas que estampam as capas de jornais a cada dia. Quando o governo

agirá, de forma efetiva, tanto em ações de conscientização e prevenção eficazes, quanto em recuperação e reforma das estradas? Quando os motoristas serão mais prudentes e conscientes?

Acidentes acontecem, mas acredito que é sempre melhor prevenir. Eu me pergunto quando consciência e ações andarão juntas para que mais vidas não sejam perdidas ou desperdiçadas no trânsito.

_Gilberto Cantú é presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas do Paraná (Setcepar)._ DÊ SUA OPINIÃO VOCÊ CONCORDA COM O AUTOR DO ARTIGO? DEIXE SEU COMENTÁRIO E PARTICIPE DO

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