Locadoras vendem mais barato e incomodam lojas de seminovos

Curitiba – Quando as vendas de carros novos vão bem, o segmento de seminovos cresce no mesmo ritmo. O mercado curitibano não tem fugido a essa regra. A exemplo do que ocorreu com as vendas

de automóveis zero quilômetro, o comércio de usados registrou queda no mês de julho: 4,43% em relação ao mês anterior, segundo dados da Associação dos Revendedores de Veículos Automotores do

Paraná (Assovepar). Além das incertezas a respeito da economia do país, por conta da crise política, empresários do setor apontam uma nova dificuldade: a crescente concorrência das

locadoras de carros nesse mercado. "Elas (as locadoras) têm benefícios fiscais que reduzem em até 25% o preço de compra dos carros", reclama o diretor de Relações Públicas da

Assovepar, Gilberto Deggerone, que também é proprietário da revendedora Exclusiva, no Rebouças. "As empresas usam o veículo por um ano e vendem quase que ao mesmo preço final, ou seja,

ganham duas vezes", diz o empresário. "Nós, que zelamos pela procedência dos automóveis, ficamos em desigualdade de condições comerciais." De acordo com o diretor, a Assovepar

firmou uma aliança com a Federação Nacional das Distribuidoras de Veículos Automotores (Fenabrave), que representa as concessionárias, para salvaguardar o mercado. "Vamos estudar

medidas para que tenhamos recursos e condições de manter nossas lojas abertas." Para o diretor regional da Fenabrave no Paraná, Luis Antônio Sebben, as locadoras deixaram seu foco de

atuação e provocaram uma concorrência desleal. "Isso nos preocupa porque a política tributária para as concessionárias é sobrecarregada em relação às locadoras e, quando revendem seus

carros, elas provocam uma distorção no preço final." Segundo o diretor, as entidades de classe e as montadoras devem pedir inclusive a interferência do governo federal, para que cada um

atue no seu segmento. A direção da Localiza, uma das maiores locadoras do país com loja de seminovos em Curitiba, não se pronunciou sobre a reclamação das entidades. Já o gerente de

seminovos da concessionária Fiat Florença, Wilson Roberto Cardoso, aposta na qualidade do seu produto para ganhar espaço com a concorrência. "As locadoras não me incomodam porque temos

preço competitivo e garantia de procedência. Já quem compra com elas não sabe quem usou o carro e qual foi a manutenção feita", defende. De acordo com o gerente da Florença, a loja

sentiu uma pequena queda no mês de junho, que já foi recuperada em julho e no começo deste mês. "A maior procura é por automóveis populares, na faixa dos R$ 16 mil." A Florença

vende em média, segundo Cardoso, 160 carros seminovos por mês e o dobro de novos. O empresário Gelson Picolotto, proprietário da revendedora Picolotto, também espera uma melhora no mercado

para os próximos meses. "Nos dois últimos meses as vendas caíram 20% em função da crise no governo, que deixa as pessoas com receio de comprar", diz. "Mas a tendência para os

próximos meses é que o mercado cresça." A loja vende em média, segundo o empresário, 30 carros por mês.