O que fazer com os rios de Curitiba para evitar enchentes?

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que fazer com os rios de Curitiba para evitar enchentes? Por Paola Marques, especial para a Gazeta do Povo


22/03/2019 às 18:03


Dê de presenteA forte chuva que caiu em Curitiba na tarde do dia 21 de fevereiro foi o equivalente a 80% de todo o volume previsto para o mês; Foto- Átila Alberti / Tribuna do Paraná (Foto:


Tribuna do Parana) As fortes chuvas voltaram a castigar Curitiba nos três primeiros meses de 2019. Enchentes, quedas de árvores, corte da energia elétrica, caos no trânsito e abertura de


buracos foram alguns dos desafios que os moradores e comerciantes tiveram de enfrentar em mais um verão chuvoso na cidade. O ápice foi no dia 21 de fevereiro, quando em apenas duas horas o


volume de água alcançou 118 milímetros, o equivalente a 80% de todo o volume de chuva previsto para fevereiro inteiro.


O resultado, além do cenário descrito no início do texto, foi a reabertura da cratera na Rua Desembargador Westphalen, entre as avenidas Visconde de Guarapuava e Sete de Setembro, um dos


trechos mais movimentados do Centro de Curitiba. Situação agravada pela chuva do dia 7 de março, quando reabriu o buracão na Wespthalen, levando à interdição para consertos pontuais e


exigindo que o prefeito Rafael Greca (PMN) determinasse uma obra emergencial para 2020 ao longo de toda a via, do Centro à Linha Verde, para substituir a tubulação pluvial da década de 1940,


que há anos não dá conta da vazão.


O temporal do dia 21 de fevereiro foi exatamente na mesma data de uma das enchentes mais marcantes na cidade, 20 anos antes. Em 1999, uma tempestade atingiu em cheio as bacias do Rio Belém e


do Rio Barigui, resultando na maior enchente dos últimos 40 anos. Na ocasião, a água chegou a 70 cm de altura na Boca Maldita, coração do Centro de Curitiba. A foto de uma Kombi cruzando o


“rio” formado pela enchente na Avenida Luiz Xavier, na frente do Palácio Avenida, marcou aquela inundação.


Independentemente da força das chuvas, especialistas apontam que a cidade precisa encontrar novos caminhos para evitar mais transtornos e prejuízo.


Dos cerca de 480 rios curitibanos, entre 70% e 80% são canalizados.Entretanto, o caminho apontado por especialistas seria reabrir os rios queestão enterrados. O movimento é visto como


tendência em metrópolesdesenvolvidas e já é realidade em algumas cidades.


Em novembro de 2017, algumas propostas sobre a despoluição da bacia do Rio Belém começaram a surgir. Com extensão de 84 km², o rio possui nascente e foz dentro do perímetro urbano de


Curitiba, mas desapareceu do Centro da cidade em 1978, quando foi canalizado o trecho até a Avenida Cândido de Abreu, no Centro Cívico. A engenheira civil Lucy Schellin, da Secretaria


Municipal de Meio Ambiente chegou a defender, em reportagem de dois anos atrás, o que poderia vir a ser um projeto piloto de navegação da bacia do Rio Belém. “Bastaria ajustar a vazão e dar


o suporte para a navegabilidade”, pontuou.


Outra possibilidade é a descanalização de rios urbanos, o que já acontece em algumas metrópoles desenvolvidas. No entanto, o arquiteto e professor da Pontifícia Universidade Católica do


Paraná (PUC-PR) Marlos Hardt, especializado em arquitetura sustentável e mestre em gestão urbana, acredita que é um movimento difícil de acontecer por aqui. "Muitas vezes é inviável a


descanalização porque já se retificou o curso da água. O rio possui meandros que têm a intenção de diminuir a velocidade da água que corre", argumenta. "Descanalizar é uma tendência mundial,


mas não é solução dos problemas", pontua.


O arquiteto defende que a infraestrutura precisa acompanhar oadensamento da cidade. A Secretaria Municipal de Obras Públicas (SMOP) afirmaque nos últimos dois anos tem concentrado esforços e


investimentos paragarantir que a população sinta cada vez menos os impactos das chuvas. Uma sériede obras de drenagem já está em andamento e outro lote de intervenções estápara começar. As


ações para combater enchentes e alagamentos somam, ao todo, R$480 milhões. A maior parte dos recursos será repassada pelo governo federal à prefeitura.Em contrapartida, o município deve


investir R$ 2,4 milhões.


Novas possibilidades


Em entrevista recente à Gazeta do Povo, o pesquisador Roberto Fendrich,do Departamento de Hidráulica e Saneamento da Universidade Federal do Paraná (UFPR),diz que é preciso agir adotando


soluções inteligentes, principalmente diante doalto índice de hipermeabilização do solo de Curitiba. Ele, que há três décadasestuda as enchentes nas cidades paranaenses, defende mais redes


demicrodrenagem (redes coletoras de águas pluviais, sarjetas, bocas-de-lobo emeios-fios) e indica a necessidade de microrreservatórios em todas asresidências e edifícios.


“Acredito que os mecanismos para diminuir os impactos sejam asinfraestruturas verdes, como biovaletas, jardins de chuva, telhados verdes eparedes verdes. Essas são estruturas que conseguem


retardar a quantidade deágua que vai para o curso d'água", defende. "A enchente é um fenômenonatural. Com infraestrutura verde a gente tem mecanismos para mitigar boa partedos casos, mas


resolver completamente é muito difícil", aponta


Tecnicamente, a enchente é um fenômeno esperado. O volume de chuvas noprimeiro trimestre de cada ano possui uma média mais alta que no restante doano. Os prejuízos só acontecem, portanto,


quando existe ocupação humana sobreas áreas marginais dos rios. Visando minimizar os problemas, os municípiosbrasileiros passaram a investir em obras de macrodrenagem. As intervenções,feitas


nos rios e seus afluentes, ajudam a diminuir a erosão, o assoreamento,as inundações ao longo dos fundos de vale. São serviços em galerias,canalizações, perfilamento de rios, lagoas de


contenção e detenção.


A estratégia não é diferente em Curitiba. Na área de macrodrenagem, o maior volume de recursos está destinado à Bacia do Rio Belém, segundo a SMOP. Há ainda recursos para obras nas bacias do


Barigui, Ribeirão dos Padilhas e Atuba e para a elaboração de projetos na Bacia do Rio Iguaçu.


Nos últimos dois anos, há também um serviço permanente de limpeza dos rios e canais, para evitar o acúmulo de lixo, complementa a SMOP. Serviços de limpeza em rios, córregos e canais foram


realizados para minimizar os efeitos dos temporais e recuperar o meio ambiente.


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