1964: os momentos que antecederam o golpe contados em imagens

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O poder de comunicação das imagens é dificilmente igualado por outras linguagens na capacidade de ambientar o interlocutor em uma realidade distante, seja pelo tempo ou geograficamente. A


aposta na potência dos ícones se mostrou bem sucedida com o livro “1964: IMAGENS DE UM GOLPE DE ESTADO”, PUBLICADO NESTE ANO PELA EDITORA DO SENADO FEDERAL e com curadoria do Projeto


República, do Departamento de História da UFMG. O livro, que será lançado nesta segunda-feira (2) no Auditório Bicalho da FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS (FAFICH), no Campus


Pampulha da UFMG, reúne dezenas de fotografias e reproduções de documentos, panfletos e jornais do ano em que a democracia brasileira foi colocada em um sono profundo que durou mais de duas


décadas. A organização do livro é da PROFESSORA HELOISA STARLING, do pesquisador Danilo Marques (ambos do Projeto República) e da economista Lívia de Sá Baião, diretora-geral do museu


virtual Rio Memórias. Na obra, que pode ser acessada gratuitamente na livraria do Senado, cada imagem é acompanhada de um texto que a contextualiza e ajuda a ambientar o leitor nos meses que


antecederam o golpe de 1964. A historiadora do Projeto República, Nayara Henriques, contou à reportagem sobre como se deu a ideia de reunir as imagens em um livro, originado de um trabalho


realizado em parceria com o museu virtual Rio Memórias. Com um vasto acervo em mãos, os pesquisadores pensaram em expandir geograficamente o Brasil que viveu o Golpe de Estado e mostrar que


o turbilhão político ia bem além da capital fluminense. “Temos uma parceria com o Rio Memórias, e a gente fez uma curadoria para eles. Nós montamos uma galeria dentro do museu chamada ‘Rio


Capital do Golpe’. Nessa pesquisa, a gente conseguiu levantar um número de imagens muito grande. Imagens inéditas. Então, ficamos com essa ideia de contar a história do golpe a partir das


imagens e de uma forma a contar a história do golpe no Brasil inteiro. Às vezes, quando a gente estuda o golpe, a gente pensa muito no ocorrido no Rio, São Paulo, Brasília, mas, quando fomos


levantando imagens, a gente se deu conta de várias coisas no Brasil todo, tanto é que a capa do livro é uma imagem no Recife”, diz a pesquisadora. Além de expandir geograficamente, o livro


ilustra como o golpe em si pode ser tratado como um acontecimento político complexo e fruto de um emaranhado de movimentos que agitaram o cenário do poder no país. Para Danilo Marques, um


dos organizadores da obra, o objetivo é mostrar que a tomada do poder pelos militares entre 31 de março e 1º de abril não pode ser encarada como um mero rito de passagem que inaugura o


período ditatorial. “A gente queria mostrar o golpe 64 como um acontecimento. Voltamos à época para mostrar quais eram as possibilidades que estavam colocadas ali. A gente, que vive 60 anos


depois, sabe que o golpe de 64 terminou em 21 anos de ditadura. Mas, quem estava lá não sabia desse desfecho. As pessoas sabiam que havia uma efervescência, uma crise brutal e o ‘pau estava


quebrando’ para todos os lados. A gente queria trazer um pouco desse olhar. Tendemos a ver o golpe 64 como apenas um ponto de passagem para a ditadura, e a verdade é que havia muitas portas


abertas ali, muitas possibilidades, e a vitoriosa foi a dos militares”, afirma o historiador. O livro mostra como houve apoio popular aos militares em imagens das passeatas ao redor do


Brasil com forte componente religioso, e um assombro com a ideia do comunismo. Parte do terror se materializava nas reformas de base propostas pelo PRESIDENTE JOÃO GOULART e pelo então


deputado federal pelo estado da Guanabara, Leonel Brizola. Em uma das fotografias usadas no livro, o gaúcho que migrou sua atuação política para o Rio é surpreendido em uma palestra


ministrada em Belo Horizonte por um grupo de mulheres com rosários em punho e a missão obstinada de impedir que Brizola discursasse na capital mineira. Em um clique do fotógrafo Luiz


Alfredo, da revista O Cruzeiro, estão representadas a integração nacional em torno do tema das reformas, o uso da religião como orientadora política e o clima de tensão na disputa pelo poder


nos dias que antecederam o golpe. DIÁLOGO COM O PRESENTE Um clima de disputa perene não apenas no campo político, mas no aspecto moral; a possibilidade de destituir um presidente


democraticamente eleito; a mobilização popular em torno de ícones religiosos; e o temor pela instalação de um regime comunista que desindividualizaria o cidadão e operaria a barbárie na


sociedade. Passeatas numerosas com cartazes levando mensagens como “vermelho só no batom” ou “verde e amarelo, nem foice nem martelo”. Se a descrição acima não fosse acompanhada por imagens


que escancaram os limites técnicos da fotografia da década de 1960 e os traços típicos da produção editorial da época, poderia facilmente funcionar para o contexto político do Brasil dos


anos 2010 e 2020. Este efeito foi levado em consideração na produção do livro, como conta Nayara Henriques. SIGA NOSSO CANAL NO WHATSAPP E RECEBA AS NOTÍCIAS RELEVANTES PARA O SEU DIA “Nosso


trabalho como historiador é usar o passado para entender o que está acontecendo e tentar construir um futuro diferente. É muito falsa essa ideia de que a gente vive um progresso moral


contínuo. É diferente do progresso tecnológico. Realmente, 2025 é diferente de 1964, mas a movimentação política e as ameaças à democracia continuam reais. Infelizmente, temos assistido isso


acontecer. As escolhas (das imagens) têm a ver com isso também, para conseguirmos dialogar com o presente”, diz a pesquisadora. SERVIÇO O QUE: Lançamento do livro “1964: imagens de um Golpe


de Estado” ONDE: Auditório Luiz de Carvalho Bicalho - Fafich- Campus Pampulha da UFMG QUANDO: 2/6/2025 (segunda-feira), às 16h


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