Minas lidera casos de coqueluche no brasil

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Depois de um ano epidêmico, Minas Gerais amarga, em 2025, a liderança nacional no número de casos de coqueluche, doença respiratória que pode ser fatal, especialmente para bebês. Até a


última quarta-feira (21/5), o estado registrou 417 diagnósticos e se consolida como o epicentro da enfermidade no país, à frente de São Paulo (321 casos), Rio Grande do Sul (249) e Paraná


(247), conforme levantamento feito pelo Estado de Minas com base no painel epidemiológico do Ministério da Saúde publicado ontem (30/5). O volume de casos corresponde a quase metade das


ocorrências de todo o ano passado, quando Minas contabilizou 849 diagnósticos positivos. A comparação com períodos anteriores evidencia a gravidade do momento. Em 2014, quando o Brasil viveu


um de seus maiores surtos da doença, com 8.620 notificações, o estado registrou 360 casos. Esse número já foi superado só nos cinco primeiros meses de 2025. Naquele ano, de janeiro a 21 de


maio, o país teve 1.819 casos da doença, mais de 20% deles em Minas. Também conhecida como “tosse comprida”, a coqueluche é provocada pela bactéria Bordetella pertussis e se transmite de


forma semelhante a outras doenças respiratórias, como a gripe e a COVID-19. Nos adultos, os sintomas podem se manifestar de forma leve, mas em crianças pequenas, sobretudo as não vacinadas,


a evolução do quadro pode resultar em complicações graves e até óbito. A infecção costuma começar de maneira discreta, com sintomas semelhantes aos de um resfriado comum. No entanto, à


medida que a doença progride, surgem episódios intensos e persistentes de tosse – daí o apelido do enfermidade –, que podem provocar perda de fôlego e deixar os lábios e o rosto arroxeados


devido à dificuldade de oxigenação. “O momento mais contagioso é justamente quando os episódios de tosse são mais frequentes e intensos. Ela é extremamente contagiosa, então boa parte das


pessoas que entram em contato com quem está tossindo acaba adquirindo a doença”, explica o infectologista Estevão Urbano. A circulação da bactéria tende a se intensificar nos meses de clima


ameno ou frio, como agora no outono, quando há maior prevalência de outras infecções respiratórias. O risco é significativamente maior entre os bebês, que podem desenvolver complicações como


pneumonia, convulsões e até morrer em decorrência da infecção. Os números evidenciam a vulnerabilidade das crianças diante da coqueluche. Das 417 infecções confirmadas até o momento, 242


atingiram menores de 9 anos, quase 60% do total. Entre eles, um terço são bebês com menos de 1 ano de idade. Esse volume de casos também já corresponde a 80% de todas as infecções infantis


notificadas no ano passado, quando 300 crianças foram diagnosticadas com coqueluche em Minas Gerais. Em 2024, o estado registrou cinco mortes causadas pela coqueluche, todas de crianças


pequenas. A primeira delas foi o de um bebê de 1 mês e 23 dias, em Poços de Caldas, no Sul de Minas. Ele ainda não havia recebido nenhuma dose da vacina – primeira é aplicada aos 2 meses de


idade –, e, segundo a investigação epidemiológica, sua mãe tampouco recebeu o dTpa, imunizante para adultos indicado para gestantes que previne a transmissão vertical da doença. Esse


episódio marcou o primeiro óbito por coqueluche em Minas em cinco anos. É justamente na primeira infância que a doença apresenta maior risco de complicações, como pneumonia e convulsões, em


razão da imaturidade do sistema imunológico. “A coqueluche tem sua gravidade focada quase exclusivamente na criança pequena, especialmente no bebê no primeiro ano de vida, justamente quando


ele ainda não completou o seu esquema vacinal”, ressalta o médico Renato Kfouri, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm). Ele chama atenção para a vulnerabilidade do


sistema respiratório em formação e a limitada capacidade imunológica das crianças pequenas em combater infecções. A imunização começa com a vacina pentavalente, aplicada aos 2, 4 e 6 meses


de idade, e que protege, além da coqueluche, contra difteria, tétano, Haemophilus influenzae tipo B e hepatite B. Posteriormente, são realizados dois reforços: aos 15 meses e aos 4 anos. No


ano passado, em meio ao surto epidêmico, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) lançou uma campanha para vacinar profissionais que atuam com gestantes, recém-nascidos e


bebês de até três meses, buscando ampliar a proteção indireta a essa população mais vulnerável.  Em nota, a SES-MG reconheceu o crescimento das infecções desde o ano passado e atribuiu o


fenômeno a três fatores: o caráter cíclico da doença, que costuma aparecer em ondas epidêmicas a cada cinco a sete anos; a redução da cobertura vacinal desde 2016; e a perda natural de


imunidade da população ao longo do tempo.   QUADRO NA CAPITAL  Em Belo Horizonte, os números indicam uma redução nas infecções durante abril e maio — com sete novos casos registrados nesse


período —, mas o acumulado ainda é expressivo. Dados parciais da Secretaria Municipal de Saúde, de janeiro até 27 de maio, contabilizam 119 casos de coqueluche. Após dois anos sem casos, a


capital mineira voltou a registrar contaminação pela doença em 2024, quando contabilizou 374 notificações. Assim como no panorama estadual, a maior parte das infecções – mais de 60% –


atingiu crianças de até 9 anos: foram 73 diagnósticos nesse público. O dado já coloca 2025 como um dos piores anos desde 2014, quando a cidade registrou 81 casos. Em outubro do ano passado,


um bebê de1 mês, morador do Barreiro, morreu em decorrência da doença — uma vítima, assim como o óbito no Sul de Minas, que ainda não havia sido alcançada pela vacinação. Desde então, esse


foi o único óbito relacionado à coqueluche na capital. “Isso realmente é um fator de risco bem relevante para a mortalidade neste caso. Por isso, precisamos que as gestantes sejam


vacinadas”, diz o gerente da vigilância epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde, Hoberdan de Oliveira, ao comentar sobre a vulnerabilidade das crianças ainda não vacinadas. Hoberdan


observa ainda que o atual surto reflete uma combinação de hesitação vacinal, o retorno à normalidade após a pandemia de COVID-19 e a consequente exposição da população ao risco. “A gente tem


acompanhado, não só para coqueluche, mas para outras doenças, um receio crescente de algumas pessoas em se vacinar. Os números (da coqueluche) têm aumentado inclusive entre os adultos,


justamente porque não tomaram reforço das doses, que são essenciais para proteção”, aponta. O Programa Nacional de Imunizações (PNI) disponibiliza duas vacinas contra a coqueluche: a


Tríplice Bacteriana Acelular Infantil (dTp), administrada em três doses — aos 2, 4 e 6 meses de vida — com reforços aos 15 meses e aos 4 anos; e a versão para adultos, a dTp-A, recomendada


especialmente para gestantes e profissionais que lidam diretamente com recém-nascidos. Em Belo Horizonte, a cobertura vacinal entre bebês menores de um ano está abaixo da meta de 95%


estabelecida pelo Ministério da Saúde, alcançando atualmente 89,16%. Por outro lado, entre as crianças com um ano completo, a cobertura chega a 95,05%. O imunizante está disponível nos 153


centros de saúde da capital, não apenas para as crianças, mas também para gestantes e profissionais de saúde que mantêm contato direto com bebês e grávidas, já que são potenciais vetores na


cadeia de transmissão da doença. DISPARADA DE CASOS SIGA NOSSO CANAL NO WHATSAPP E RECEBA NOTÍCIAS RELEVANTES PARA O SEU DIA A coqueluche tem um comportamento cíclico, com picos que ocorrem


a cada cinco a sete anos. Esse intervalo, entretanto, foi prolongado nos últimos anos em razão das medidas de distanciamento social e uso de máscaras durante a pandemia de COVID-19, que


reduziram a circulação de diversos agentes infecciosos. “A infecção e a vacinação não causam uma imunidade duradoura. Por isso, de tempos em tempos, há mais pessoas suscetíveis à infecção,


favorecendo a formação de novas ondas epidêmicas”, explica o médico Renato Kfouri, da SBIm. Ele acrescenta que mutações na bactéria Bordetella pertussis também podem ter papel no aumento


recente dos casos. O infectologista Estevão Urbano lembra que a coqueluche foi “extremamente comum” até as décadas de 1970 e 1980, mas a vacinação em massa reduziu drasticamente sua


incidência, que se mantinha em uma média de 300 casos por ano. O avanço da coqueluche desde o ano passado, para ele, está diretamente relacionado à baixa cobertura vacinal, tendência que se


intensificou a partir de 2016, como confirmado pela SES-MG, e se agravou durante a pandemia de COVID-19, quando o distanciamento social e a sobrecarga dos sistemas de saúde dificultaram o


acesso às vacinas. “A proteção é sempre a vacina, que praticamente zera a possibilidade de adquirir a doença e principalmente os casos graves”, detalha. Embora as crianças sejam o grupo mais


afetado, a coqueluche pode acometer qualquer pessoa, uma vez que a transmissão ocorre pelo contato direto com indivíduos não vacinados, por meio de gotículas expelidas ao tossir, espirrar


ou falar. Dados do Ministério da Saúde revelam um número expressivo de infecções em adultos a partir dos 20 anos: eles respondem por 28% dos casos em Minas neste ano (114 registros). Em


2024, essa mesma faixa etária representou 31,6% das infecções, totalizando 268 casos. O maior problema disso é que eles são os maiores transmissores da doença, sobretudo quando não estão com


a imunização em dia, para a população mais vulnerável: os bebês menores de 1 ano, faixa etária com maior risco de internação e consequências graves da doença. Para Kfouri, o perfil etário


das infecções revela a fragilidade das atuais políticas de vacinação infantil e a necessidade de reforçar campanhas e ações direcionadas. O aumento de casos, para ele, ainda é um alerta para


os riscos da queda vacinal e da falsa sensação de segurança em relação a doenças consideradas “do passado”. Não por acaso, especialistas têm apontado que o fenômeno se repete com outras


enfermidades preveníveis, como o sarampo. “A baixa vacinação tem permitido um risco muito grande do retorno de várias doenças que haviam praticamente sido eliminadas”, completa.


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