Excesso de tramas prejudica "o esquema fenício"

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Excesso de tramas prejudica "o esquema fenício""


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Há algo de antigo em “O esquema fenício”. Um filme que, só pelo título, poderia se camuflar bem entre obras como “Uma aventura na Martinica”, “Tensão em Xangai”, entre outros títulos


brasileiros criativos para clássicos dos anos 1940. Wes Anderson não está próximo à grandeza dessa era de ouro de Hollywood, mas, para arquitetar seu novo esquema, tomou emprestado o tom


farsesco dessa época para encenar a via-crúcis de um homem – o magnata Zsa-Zsa Korda, de Benicio Del Toro – que insiste em não morrer. Ou melhor, de um homem que, de tão próximo da morte, é


obrigado a se confrontar com algo ainda mais inescapável, a família, para alcançar sua redenção. Não é tema estranho para o autor de “Os excêntricos Tenenbaums”, cujas histórias têm sempre


pelo menos umas duas dúzias de personagens desajustados. Por um lado, “O esquema fenício”, é o trabalho mais sentimental e violento do diretor em algum tempo, num roteiro que privilegia a


redenção de Korda – um homem prático, ardiloso, mas não cínico – com sua filha, Liesl, uma noviça que, por sua vez, quer descobrir se ele matou ou não a mãe dela. Por outro lado, a


orquestração narrativa de Anderson – sem ousadias plásticas e um tanto enrolada –, impressiona menos que a dos três últimos projetos do diretor, que vinha numa boa fase desde “A crônica


francesa”. PAISAGEM FICTÍCIA Após explorar os rincões desérticos dos Estados Unidos no formalista “ASTEROID CITY”, agora o texano se debruça sobre a Grande Fenícia Independente Moderna – uma


paisagem fictícia com traços de Líbano, Síria e Marrocos, cujo nome remete a uma civilização remota, dessas que se lê pelas páginas da Bíblia. Aliás, o catolicismo e o Antigo Testamento são


onipresentes na jornada, sobretudo nos sonhos místicos que Korda tem toda vez que quase morre numa das armadilhas plantadas por um grupo de empresários americanos que quer acabar com sua


fortuna. Nesses episódios alegóricos, Korda se vê num julgamento celeste, encontra suas três ex-mulheres mortas, sua avó e o próprio Deus – um Bill Murray toscamente barbado. Apesar de serem


curtas, essas visões estão entre as melhores partes do filme. Reforçam o olhar brincalhão e esteta de Anderson, em composições que remetem à bidimensionalidade dos ícones cristãos. É quase


uma trama à parte, em paralelo à jornada burocrática de Liesl, Korda e de um estranho tutor, vivido por Michael Cera, pela Fenícia para que ele concretize seu projeto dos sonhos e tenha


certeza de que a noviça será uma herdeira digna. O tal “esquema” do título é um ambicioso empreendimento no deserto, com ferrovias e represas que, além de lhe trazerem fortuna, são um acerto


de contas com sua infância pobre. A brincadeira não é barata e, após ser sabotado pelos americanos, ele tem de recorrer a uma série de outros empresários da região para cobrir o


investimento – dentre eles, um meio-irmão maquiavélico, vivido por um hilário Benedict Cumberbatch, numa caracterização patética, que pode ou não ser o verdadeiro pai de Liesl. Nessa saga,


Anderson aposta num humor sombrio, até violento, com corpos explodindo, acidentes de avião, granadas, armas químicas em meio às suas “gags” visuais. É também quando brilham coadjuvantes como


Jeffrey Wright, Tom Hanks e Mathieu Amalric, mesmo com pouco tempo de tela para seus personagens excêntricos. Wagner Moura como Zico no longa-metragem "Carandiru" (2003),


superprodução de Hector Babenco adaptada do livro homônimo de Drauzio Varella Marlene Bergamo/Divulgação Em "Tropa de elite" (2007), de José Padilha, Wagner Moura vive o Capitão


Nascimento, um policial do Bope. O sucesso do filme fez com que expressões como "pede pra sair", ditas pelo Capitão, fossem incorporadas ao vocabulário do dia a dia David


Prichard/Divulgação Na comédia musical, "Ó paí,ó" (2007), de Monique Gardenberg, Wagner Moura voltou a contracenar com Lázaro Ramos, retomando a parceria de sucesso do teatro,


quando os dois atores baianos interpretaram o mesmo personagem na montagem "A máquina" Europa Filmes/Divulgação Na série "Narcos" (2015-2017), da Netflix, Wagner Moura


vive o megatraficante colombiano "Pablo Escobar". Papel o tornou mundialmente conhecido Juan Pablo Gutierrez/Netflix No drama biográfico "Sérgio" (2020), de Greg Barker,


o ator interoreta o diplomata brasileiro Sérgio Vieira de Mello, Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, morto num atentado no Iraque, em 2003 Netflix/Divulgação Wagner


Moura estreou na direção de longas com "Marighella", biografia do guerrilheiro Carlos Marighella, interpretado por Seu Jorge. O filme está disponível no Prime Video O2


Filmes/Divulgação No longa hollywoodiano "Guerra civil" (2024), de Alex Garland, o ator é Joel, jornalista que atravessa o país ao lado da fotógrafa Lee (Kirsten Dunst), para


cobrir a conflagração que tomou conta do país Diamond Films/Divulgação Wagner Moura interpreta o professor Marcelo no novo filme de Kleber Mendonça Filho, "O agente secreto"


(2025). Ele venceu o prêmio de melhor ator no Festival de Cannes Reprodução redes sociais Kleber Mendonça Filho Voltar Próximo Pode parecer complicado, e é mesmo. Anderson parece saber que


vai confundir o espectador, tanto que gasta os primeiros 15 minutos da trama antecipando, qual o sumário de um livro, um a um os objetivos de Korda, que ele mesmo organiza em várias caixas


de sapato. É um tanto autorreferente e, mais, talvez seja um dos prólogos mais fracos de seu cinema. São tantas cartas na mesa que demora para a trama engatar. Essa falta de ritmo fica


evidente na comparação com “O Grande Hotel Budapeste”, onde uma narrativa se costurava dentro da outra com facilidade. Aqui, o excesso de ideias impõe uma sensação de incompletude, dada a


maneira brusca com que certas subtramas são fechadas. [embedded content] Passados esses tropeços, o espectador menos impaciente poderá encontrar uma bonita reflexão sobre o que pode unir


pessoas de éticas e culturas tão diferentes, sem banalizar a religião ou a ancestralidade. Basta a vontade de viver e de inventar mundos, coisas que nunca faltam a Wes Anderson.  “O ESQUEMA


FENÍCIO” (EUA, 2025, 1h45). Direção: Wes Anderson. Com Mia Threapleton, Benicio del Toro, Mathieu Amalric, Scarlett Johansson, Willem Dafoe, Benedict Cumberbatch. Classificação: 14 anos. Em


cartaz no Diamond Mall, no Pátio Savassi, no Ponteio, no UNA Cine Belas Artes e no Centro Cultural Unimed-BH Minas.


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