O racismo de wasps e as outras identidades dos eua | guga chacra - o globo

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Os brancos dos Estados Unidos historicamente são os chamados “WASP”, que é a sigla em inglês para branco, anglo-saxão e protestante. Até a segunda metade do século 20, mesmo italianos,


poloneses e irlandeses eram vistos como minorias por serem católicos. O mesmo vale para judeus de diferentes origens. Além deles, havia os negros descendentes de escravos trazidos da África


e os indígenas americanos, chamados de nativo-americanos. Todos sofriam preconceito de brancos de origem WASP, que dominavam a política, a economia e a sociedade americana. Havia


antissemitismo e também preconceito contra italianos e irlandeses de origem católica. Muitos questionavam até mesmo se um católico de origem irlandesa como John Kennedy conseguiria ser


eleito presidente dos EUA, ainda que pertencesse a uma das mais aristocráticas famílias de Massachusetts. No fim, foi eleito e se tornou o primeiro presidente não WASP da história americana.


O segundo seria Barack Obama. Imigrantes costumam sofrer com preconceito em todo o mundo, especialmente quando são de camadas mais pobres, de uma outra etnia e de religião diferente. Mas o


racismo contra negros descendentes de escravos nos Estados Unidos sempre esteve em um patamar incomparavelmente superior. Irlandeses e italianos não sofreram com a segregação no Sul dos EUA,


que era basicamente um regime de Apartheid. Ninguém seria impedido de entrar em um restaurante ou correria o risco de ser linchado porque os pais vieram de Sicília ou da Calabria. Com o


passar das décadas, irlandeses e italianos passaram a ser vistos como brancos pelos WASPs, embora como alguns estereótipos como o de “mafiosos” persistam. Na segunda metade do século 20, a


maioria dos imigrantes começou a vir da América Latina e da Ásia. No caso dos latino-americanos, há problemas de violência policial similar ao que sofre a população negra. Mesmo nestes


casos, porém, não dá para comparar com todo o histórico de racismo sofrido pelos negros nos EUA. Até porque muitos imigrantes da América Latina se identificam como brancos, embora


oficialmente não recebam esta classificação no território americano. Aliás, aqui cabe uma explicação. Pessoas consideradas brancas no Brasil e em outros países da América Latina não são


classificadas oficialmente como brancas nos EUA. São latino-americanas. Podem também, com a exceção de Brasil, Belize, Haiti, Guaianas e alguns poucos outros países, ser classificadas como


hispânicas. Há subdivisões, como latino-americano branco, latino-americano indígena e latino-americano negro. Neste último caso, é importante frisar que imigrantes negros da América Latina


ou da África não são considerados afro-americanos por não serem descendentes de escravos nos EUA. Mas seus filhos costumam ser chamados de afro-americanos, como de Obama, que tem pai nascido


no Quênia. Os latino-americanos brancos nascidos nos EUA não passam a ser vistos como WASPs, mas dificilmente sofrem preconceito e basicamente são enxergados como brancos — caso dos


senadores hispânicos Marco Rubio e Ted Cruz. Há ainda a islamofobia, que se aplica a pessoas de diferentes origens que seguem a religião islâmica. Inclusive, há afro-americanos que sofrem


tanto ataques racistas como islamofóbicos. Mórmons, embora em sua maioria brancos e anglo-saxões, historicamente são alvo de perseguição. Mesmo Mitt Romney, um multimilionário, branco, com


diplomas de Harvard, enfrentou resistência por ser mórmon quando se candidatou a presidente. Mas, insisto, nada se compara ao racismo contra os negros. Além das divisões entre


latino-americanos, asiáticos, nativo-americanos, afro-americanos e as religiosas, há as de origem nacional. Boa parte das pessoas da América Latina e seus descendentes se identificam pela


nação de origem. Por exemplo, quem tem raízes na República Dominicana se descreve como dominicano-americano. Em Cuba, como cubano-americano. No México, como mexicano-americano. Entre os


asiáticos, idem. Há os chineses-americanos, os coreanos-americanos, os indiano-americanos e os paquistaneses-americanos, para ficar em alguns exemplos. Normalmente, em lugares como Nova


York, as pessoas costumam viver em áreas ligadas a esta origem nacional. Podemos ir até mais longe, com subdivisões como as de chineses de vindos de diferentes províncias que falam mandarin,


como na Chinatown do Queens, ou cantonês, na histórica Chinatown de Manhattan. Eu me recordo de conhecer uma iraniana judia que viviam em uma região do Queens onde, segundo ela, se


concentrava a população judaica persa da cidade iraniana de Mashhad que fugiu após a revolução de 1979. Eles evitavam se misturar com os judeus iranianos de Teerã. Dentro deste mosaico de


identidades, há obviamente enorme preconceito e rivalidades. Mas, insisto, nada comparado ao racismo contra negros. Indianos, brasileiros, chineses, mexicanos imigraram para os EUA por


vontade própria. Muitos latino-americanos e muçulmanos sofrem com a violência policial. Mas seus antepassados não foram vítimas da escravidão ou da segregação por parte dos brancos


americanos como os negros. Manifestantes levantam os punhos durante protesto contra o racismo em Nova York | Jeenah Moon/Reuters


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